segunda-feira, 24 de março de 2008

A discussão segue na comunidade da Udesc, com argumentos pró e contra o sistema de cotas. Os últimos posts de Esaguianos da Adm. Pública:

Eduardo Peressoni Vieira: Vamos lá! Em primeiro lugar, o sistema de cotas deveria ser considerado inconstitucional. Qquer um que ler a constituicao no inciso do artigo quinto que fala sobre igualdade concordará com o que eu digo.Mas ainda sim, esse pessoal da esquerda, que se dizem mais preocupados com o social e nao sei mais o que me chamarao de formalista e nao sei mais o que. O fato é que cotas é completamente ridiculo, é um absurdo. Se fossem criadas cotas pra brancos e ricos os esquerdistas iriam querer iniciar uma guerra civil, ou nao pq pra eles tudo que o Lulla faz eh lindo e correto. O que eles nao conseguem aceitar eh que legalmente falando isso é o mesmo absurdo que criar cotas para negros ou indios. Vcs jah pararam pra pensar que existem poucos negros na UFSC e na UDESC talvez e soh talvez porque existem poucos negros e índios em Santa Catarina, no Parana e no RIo Grande do Sul. Vai ver qtos germanicos passam na Federal da Bahia, por exemplo. Sera que deveriam criar cotas pra eles tambem? Ou quem sabe pros descendentes de orientais no Para? Vamos criar cotas tambem?Mas agora vou falar de algo que os esquerdistas nao gostam: privatizacao. O sistema de cotas nas universidades publicas é o primeiro passo para a queda da qualidade de seu corpo discente e com isso o primeiro passo para a privatizacao do ensino superior brasileiro. Afinal, a partir do momento que a Universidade Publica for ruim, ela vai ser igual a uma particular entao pra que mante-la? Ateh porque soh os brancos burgueses estudam nelas, nao eh verdade? E eles podem pagar faculdades particulares.
Serio! cotas, ainda mais com sistema de reserva de vagas para raças especificas eh um absurdo! E soh prejudica a Universidade Publica.
Deve ser feito tudo que é possivel pra que a UDESC nao adote nenhum tipo de sistema, e mantenha a qualidade dos alunos ingressantes.


Leonardo Reis (Popô): O sistema de cotas será declarado constitucional justamente por ser um mecanismo de efetivação do texto da Carta. Ora, teremos de dar aula aos futuros juristas sobre os ditos de Rui Barbosa à respeito do Direito da Igualdade? A menos que também atinjam por ad hominem - já que isso se tem mostrado desesperadamente recorrente, de ambos os lados, nesta discussão - o maior dos juristas brasileiros, vale seu ensinamento de que "a regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam".
A graça do Direito não está em ler e propagar o senso comum dos juristas, mas em compreender sua inserção social, sua inter-relação jurídica e contextualizar os dizeres! Ou nós vamos ignorar o art. 3º da mesma Constituição? Ou vamos ignorar os tratados dos quais o País é signatário - e que espero não precisar dizer da validade e da preponderência sobre outras leis?
O que levou o Brasil ao poço da discriminação foi essa interpretação a la Robocop da letra fria da lei à revelia do que ensina o próprio ensino jurídico.
E além do mais, quanto ao que Lula faz ou deixa de fazer, fala ou deixar de falar, vamos dar barrigada também na autonomia universitária? Temos realmente saudades dos tempos em que o uniforme verde-oliva fazia valer o gosto do governo? Quem vai canetar se a UDESC vai ter ou deixar ter o sistema de cotas não é o barbudo.
Em tempo: aposto com quem quiser que o STF vai julgar improcedente a ADIn das costas. Só não venham me dizer que o Supremo faz parte de uma conspiração comunista...

2 comentários:

May disse...

Caro Eduardo, sou parcialmente contra as cotas, mas temos que melhorar os argumentos contra essa “imposição de integração”. Bom quando apresentemos a constituição como testemunha do desrespeito a liberdade igualdade de todos os cidadãos teríamos que abolir todas as formas de preconceito e não apenas o inserido no projeto de cotas.Outro fator é abordar os esquerdistas como os mais culpados pela implantação do “projeto” pois alguns como eu acreditam ser isso tudo mais uma propaganda de governo do que solução sensata do ensino brasileiro, mas quem tem as provas do que penso? Até agora nada.
E o pior argumento, SOU da realidade dos beneficiados por cotas será que não tenho o “direito de estar na UDESC porque vou baixar a qualidade desta universidade!?!”
Tudo bem que agora fui bem agressiva, mas pensamos que as pessoas que ingressaram em um curso superior após toda a luta que enfrentaram não deixariam de esforçarem ao máximo afim de fazer um bom curso!
EU SOU CONTRA PARCIALMENTE AS COTAS, só queria deixar claro que juntos deveríamos propor argumentos mais fundamentados contra ou pró cotas, e principalmente EU não sei quais eles seriam porém com a ajuda e opinião dos alunos desta instituição podemos resolver este problema.

Rodrigo Abella disse...

Caros colegas Esaguianos,

Muito bom o debate! Eu sou a favor da equiparação de oportunidades na base, ou seja, saúde e educação básica de qualidade para todos, como condição fundamental para que cada cidadão tenha o mesmo ponto de partida. Acontece que isso não ocorreu no passado, tampouco no presente. O que fazer então? Construir o caminho até chegar ao destino que queremos, utilizando de medidas contigenciais e pontuais para corrigir eventuais injustiças. De nada adianta a adoção de cotas se não há melhorias na educação pública básica, fundamental e principalmente no Ensino Médio que é de longe o maior gargalo em termos de qualidade, e é onde se tem o maior percentual de evasão escolar. Se UFSC e UDESC querem cotas para estudantes de escolas públicas, que o façam, mas que coloquem sua expertise em educação, gestão, influência nos conselhos Estadual e Nacional de educação, dentre outros, em prol da melhoria do Ensino Público no país ou no Estado. A primeira sem a segunda não vale. Seria o mesmo que perpetuar um programa de transferência de renda a uma população. O remédio não cura o paciente, somente agrava o quadro clínico. Vamos aderir as cotas. Tudo bem, mas primeiro, vamos fazer um planejamento integrado, com estratégias e atribuições definidas para cada orgão público, Universidades, Ong´s, setores da sociedade civil com o intuito de alavancar a qualidade do ensino público e do serviço de saúde que são fundamentais para o aprendizado dos jovens. No plano deve constar o dia no qual as cotas deixarão de existir. É hipócrita e populista SOMENTE aderir as cotas e fazer belos discursos pela equiparação das injustiças, vivendo no fantasioso e corporativo meio dos "intelectuais" da academia, enquanto no campo das ações práticas e da militância nada se faz. Isso não só perpetua o status quo, como sem dúvida alguma acentua o problema de qualidade na educação pública, pois sabendo-se que uma fatia das vagas esta reservada para o ensino público, o fato de não existir competição desestimula a melhoria do mesmo. Quanto a cotas por critério de raça, sou totalmente contra. Se a UFSC e a UDESC também quiserem fazer isso, que equiparem também as injustiças do seu corpo docente, diretorias, pró-reitorias, reitorias, dentre outros, reservando 30% das vagas para negros e mulatos. Essa reserva para raça é totalmente desnecessária. Uma pesquisa nos USA realizada por psicólogos e que li no livro Blink de Malcolm Gladweel; pegou 10 alunos brancos e 10 negros que tinham a mesma média de notas no histórico escolar. Aplicaram um teste e verificou-se que negros e brancos tiveram desempenho similar. Depois pegaram os mesmos alunos e aplicaram outro teste. A diferença é que nesse outro, abaixo do campo nome, havia um campo perguntando qual a raça do aluno. Verificou-se que os alunos negros obtiveram notas 40% pior do que os brancos, mesmo tendo nota igual no primeiro teste. Atribui-se o resultado a que os negros realizaram a prova de acordo ao que as pessoas esperavam deles, devido a toda a problemática dos preconceitos históricos com a raça e a todos os adjetivos que a isso remete. Aderindo a cotas por raças, aumentaremos as desigualdades raciais, os preconceitos e a baixa estima da raça negra, ou seja, a medida é contra producente para combater as desigualdades raciais.

Abração
Rodrigo