
Leonardo (Popo): Mas é claro que o sistema de cotas é válido! A visão da reparação histórica não é só dos negros, mas também minha. O País tem uma dívida moral com toda a população afrodescendente, que no começo era oprimida e escravizada e, hoje, por uma sociedade marginalizadora e racista (com frufrus, mas só frufrus, de democrata racial), foi empurrada para os grotões, para os subúrbios. A facilitação do acesso à universidade pública é o caminho mais seguro e inteligente de se trazer o pobre e o negro para o centro. É estudo de qualidade e é oportunidade de interromper um ciclo centenário de pobreza e alienação.
Leandro Damasio: Só se combate a desigualdade com igualdade. O argumento da reparação histórica é, em minha opinião, insuficiente. Se o passado nos legou desigualdade, então sejamos hoje conscientes de extinguí-la, em vez de acrescentar o peso da desigualdade para o outro lado da balança. Isso parece gerar descontentamentos ad infinitum. Desconfio que o passado e o futuro não sejam pratos de uma balança, sobre os quais se tenta equilibrar tal ou qual situação. Ao contrário, só se combate a desigualdade social radicalizando a igualdade. Acredito não ter sido esse o melhor argumento em prol das cotas raciais.
E você o que acha? Concorda que as cotas raciais sejam instrumentos para reparação histórica?
Para participar, clique aqui (é necessário possuir uma conta no orkut).
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11 comentários:
São válidas as duas argumentações, o que eu me pergunto é: Vamos dar oportunidade pra essas pessoas entrarem,mas e o resto? será que terão condições(e nao falo apenas das financeiras) de concluir um curso superior?
fica aí o meu questionamento!
Leandro,
Triste post!
Um exemplo escrachado de sobreposição dos "donos dos meio de comunicação" para fazer valer o seu argumento! (este sim insuficiente, em virtude de não estabelecer norte ao que chamastes de "combater com desigualdade com igualdade"... obscuro de mais.)
Sugiro que refaça o post, Leandro!
Porque desta forma a balança penderia menos para o seu lado... ao que me parece, auto-suficiente.
Discordo, Jordan.
Primeiro porque não acredito no pressuposto da mídia imparcial.
Segundo porque ofereci ao Leonardo o convite para também ser um colaborador do blog.
E, por fim, porque remete à comunidade no orkut, onde existem várias e várias outros argumentos, a favor ou contra.
De qualquer modo, obrigado pelo comentário.
"combater com desigualdade com igualdade"... desde quando isso funciona? As medidas paleativas solucionarão a longo prazo a problemática educacional brasileira?
Atenção, Leandro!
Primeiro, insuficiente sua argumentação, embora detentor dos meios...
Segundo, justifica nada.
Por fim, justifica nada.
Mesmo assim, agradeço sua resposta!
As políticas públicas, no caso do acesso à educação, devem responder a toda a sociedade, e não a apenas um grupo de pessoas, que foi, sim, injustiçado durante a história do país. Quanto mais batermos a tecla na desigualdade racial, maior ela se (re)tornará. As cotas estão contra o pincípio da igualdade de oportunidades para todos, fruto da democracia. Promover a cultura e a qualidade na educação pública é solução muito mais plausível com os princípios que o país deve defender. Aos poucos, o pré-conceito em relação à cor cai por terra.
Quanto à proposição do Leandro, de se combater desigualdade com igualdade, é bom materializar, encaixar em exemplo para verificarmos o quão procedente é.
Temos duas pessoas, uma com $ 10 e outra com $ 20. Se quisermos que ambas fiquem com $ 20, daremos $ 10 às duas? Há escapativa matemática para a máxima "combater a desigualdade com a igualdade"? Não há.
Para que os dois coexistam em isonomia é preciso que o primeiro seja beneficiado em detrimento do segundo. Feito isso os dois estariam em paridade e competiram, em poder de compra (continuando o exemplo), em igualdade de condições.
E voltando ao tema in loco, tratamos de algo muito mais nobre que uma mera facilitação financeira. Estamos tratando da facilitação do acesso à educação.
Sempre afirmamos que a educação é a chave para a mudança. Ou começamos de hoje a implementar mecanismos que conduzam a isso ou sempre será uma afirmação poética e demagógica.
PS: Já recebi o convite e, conforme me pediram, postei as últimas falas.
Valeu, Popo!
www.economicosreais.blogspot.com
Pessoal, BLOG da economia da ESAG
Bruno Negri
Caros colegas Esaguianos,
Muito bom o debate! Eu sou a favor da equiparação de oportunidades na base, ou seja, saúde e educação básica de qualidade para todos, como condição fundamental para que cada cidadão tenha o mesmo ponto de partida. Acontece que isso não ocorreu no passado, tampouco no presente. O que fazer então? Construir o caminho até chegar ao destino que queremos, utilizando de medidas contigenciais e pontuais para corrigir eventuais injustiças. De nada adianta a adoção de cotas se não há melhorias na educação pública básica, fundamental e principalmente no Ensino Médio que é de longe o maior gargalo em termos de qualidade, e é onde se tem o maior percentual de evasão escolar. Se UFSC e UDESC querem cotas para estudantes de escolas públicas, que o façam, mas que coloquem sua expertise em educação, gestão, influência nos conselhos Estadual e Nacional de educação, dentre outros, em prol da melhoria do Ensino Público no país. A primeira sem a segunda não vale. Seria o mesmo que perpetuar um programa de transferência de renda a uma população. O remédio não cura o paciente, somente agrava o quadro clínico. Vamos aderir as cotas, tudo bem, mas primeiro, vamos fazer um planejamento integrado, com estratégias e atribuições definidas para cada orgão público, Universidades, Ong´s, setores da sociedade civil com o intuito de alavancar a qualidade do ensino público e do serviço de saúde que é fundamental para o aprendizado dos jovens. No plano deve constar o dia no qual as cotas deixarão de existir. É hipócrita e populista SOMENTE aderir as cotas e fazer belos discursos pela equiparação das injustiças, vivendo no fantasioso e corporativo meio dos "intelectuais" da academia, enquanto no campo das ações práticas e da militância nada se faz. Isso não só perpetua o status quo, como sem dúvida alguma acentua o problema de qualidade na educação pública, pois sabendo-se que uma fatia das vagas esta reservada para o ensino público, o fato de não existir competição desestimula a melhoria da mesma. Quanto a cotas por critério de raça, sou totalmente contra. Se a UFSC e a UDESC também quiserem fazer isso, que equiparem também as injustiças do seu corpo docente, diretorias, pró-reitorias, reitorias, dentre outros, reservando 30% das vagas para negros e mulatos. Essa reserva para raça é totalmente desnecessária. Uma pesquisa nos USA realizada por psicólogos e que eu li no livro Blink de Malcolm Gladweel; pegou 10 alunos brancos e 10 negros que tinham a mesma média de notas no histórico escolar. Aplicaram um teste e verificou-se que negros e brancos tiveram desempenho similar. Depois pegaram os mesmos alunos e aplicaram outro teste. A diferença é que nesse outro, abaixo do campo nome, havia um campo perguntando qual a raça do aluno. Verificou-se que os alunos negros obtiveram notas 40% pior do que os brancos, mesmo tendo nota igual no primeiro teste. Atribui-se o resultado a que os negros realizaram a prova de acordo ao que as pessoas esperavam deles, devido a toda a problemática dos preconceitos históricos com a raça e a todos os adjetivos que a isso remete. Aderindo a cotas por raças, aumentaremos as desigualdades raciais, os preconceitos e a baixa estima da raça negra, ou seja, a medida é contra producente para combater as desigualdades raciais.
Abração
Rodrigo
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