Segue abaixo um texto do nosso querido colega Rodrigo Abella:
Caros colegas Esaguianos,
Muito bom o debate! Eu sou a favor da equiparação de oportunidades na base, ou seja, saúde e educação básica de qualidade para todos, como condição fundamental para que cada cidadão tenha o mesmo ponto de partida. Acontece que isso não ocorreu no passado, tampouco no presente.
O que fazer então? Construir o caminho até chegar ao destino que queremos, utilizando de medidas contigenciais e pontuais para corrigir eventuais injustiças. De nada adianta a adoção de cotas se não há melhorias na educação pública básica, fundamental e principalmente no Ensino Médio que é de longe o maior gargalo em termos de qualidade, e é onde se tem o maior percentual de evasão escolar.
Se UFSC e UDESC querem cotas para estudantes de escolas públicas, que o façam, mas que coloquem sua expertise em educação, gestão, influência nos conselhos Estadual e Nacional de educação, dentre outros, em prol da melhoria do Ensino Público no país ou no Estado. A primeira sem a segunda não vale. Seria o mesmo que perpetuar um programa de transferência de renda a uma população. O remédio não cura o paciente, somente agrava o quadro clínico.
Vamos aderir as cotas. Tudo bem, mas primeiro, vamos fazer um planejamento integrado, com estratégias e atribuições definidas para cada orgão público, Universidades, Ong´s, setores da sociedade civil com o intuito de alavancar a qualidade do ensino público e do serviço de saúde que são fundamentais para o aprendizado dos jovens. No plano deve constar o dia no qual as cotas deixarão de existir.
É hipócrita e populista SOMENTE aderir as cotas e fazer belos discursos pela equiparação das injustiças, vivendo no fantasioso e corporativo meio dos "intelectuais" da academia, enquanto no campo das ações práticas e da militância nada se faz. Isso não só perpetua o status quo, como sem dúvida alguma acentua o problema de qualidade na educação pública, pois sabendo-se que uma fatia das vagas esta reservada para o ensino público, o fato de não existir competição desestimula a melhoria do mesmo. Quanto a cotas por critério de raça, sou totalmente contra.
Se a UFSC e a UDESC também quiserem fazer isso, que equiparem também as injustiças do seu corpo docente, diretorias, pró-reitorias, reitorias, dentre outros, reservando 30% das vagas para negros e mulatos. Essa reserva para raça é totalmente desnecessária. Uma pesquisa nos USA realizada por psicólogos e que li no livro Blink de Malcolm Gladweel; pegou 10 alunos brancos e 10 negros que tinham a mesma média de notas no histórico escolar. Aplicaram um teste e verificou-se que negros e brancos tiveram desempenho similar. Depois pegaram os mesmos alunos e aplicaram outro teste.
A diferença é que nesse outro, abaixo do campo nome, havia um campo perguntando qual a raça do aluno. Verificou-se que os alunos negros obtiveram notas 40% pior do que os brancos, mesmo tendo nota igual no primeiro teste. Atribui-se o resultado a que os negros realizaram a prova de acordo ao que as pessoas esperavam deles, devido a toda a problemática dos preconceitos históricos com a raça e a todos os adjetivos que a isso remete. Aderindo a cotas por raças, aumentaremos as desigualdades raciais, os preconceitos e a baixa estima da raça negra, ou seja, a medida é contra producente para combater as desigualdades raciais.
Abração
Rodrigo Abella
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